O ecocardiograma é um exame do coração que permite visualizar a estrutura e o funcionamento do coração assim como o fluxo de sangue que passa por ele.
É um exame de ultrassom realizado por um especialista que obteve formação clínica, de cardiologia e em ecocardiografia. O profissional que faz ecocardiografia pediátrica e em cardiopatias congênitas do adulto deve ter uma formação específica em cardiologia pediátrica, para depois iniciar a formação em ecocardiografia nas cardiopatias congênitas.
O ecocardiograma é considerado um exame não invasivo essencial para o manejo de pacientes portadores de cardiopatias congênitas. Além de fazer o diagnóstico, ele auxilia o intervencionista e o cirurgião no tratamento de várias anomalias do coração.
Existem algumas modalidades diferentes de ecocardiogramas. O mais frequentemente utilizado é o ecocardiograma transtorácico, realizado colocando-se o transdutor em várias regiões do tórax. Algumas situações específicas requerem que o ecocardiograma seja realizado através do esôfago, e neste caso, o exame é chamado de transesofágico. Este estudo é utilizado frequentemente para a complementação diagnóstica em adultos com cardiopatias congênitas ou no estudo de lesões melhor avaliadas pela região posterior do coração. O principal exemplo é a comunicação interatrial, pequeno buraco entre as câmaras superiores, que pode ser examinada com detalhes por esta técnica e que define a possibilidade de tratar este defeito pelo cateterismo cardíaco, através do implante de próteses.
A outra modalidade cada vez mais utilizada é a ecocardiografia fetal. Este exame permite o diagnóstico detalhado de malformações cardíacas no feto, podendo ser realizado desde a 18ª semana gestacional até o final da gravidez. Em situações especiais, em que a gestante tem risco alto de cardiopatia fetal, o exame pode ser realizado mais precocemente, após a 13ª semana de gestação. A sessão Cardiologia Fetal explica mais detalhamente a importância e as indicações deste exame.
A ecocardiografia tridimensional vem tomando espaço nos últimos anos. Esta técnica requer equipamento e transdutor especiais, que pelo seu alto custo, estão disponíveis apenas em alguns serviços. As imagens podem ser obtidas pela via transtorácica ou transesofágica. As imagens transtorácicas ainda são limitadas em qualidade e têm trazido poucas contribuição clínica até o momento atual. Entretanto, quando realizado pela via esofágica, as imagens são de ótima definição permitindo uma melhor avaliação anatômica e funcional de algumas anomalias específicas. Temos utilizado cada vez mais o ecocardiograma tridimensional no auxílio do tratamento de defeitos cardíacos pelo cateterismo intervencionista. A visão do septo interatrial para fechamento da CIA com prótese é bastante interessante, facilita a escolha do dispositivo e a estratégia a ser utilizada para casos mais complexos. O eco 3D também tem sido aplicado no fechamento da CIV com próteses, pelo cateterismo cardíaco e no tratamento de algumas doenças das valvas cardíacas.
Existem ainda 2 outros exames de ecocardiografia que não foram descritos acima: o ecocardiograma intracardíaco e o ecocardiograma de estresse. O ecocardiograma intracardíaco é um exame realizado durante o cateterismo cardíaco para o auxílio do tratamento da CIA. O transdutor ecocardiográfico tem a forma de um catéter, e é introduzido dentro do coração através de uma veia da virilha. Este exame é realizado em adultos e crianças maiores durante a oclusão da CIA com próteses. Nos adultos, tem a vantagem de não precisar anestesia geral, o que torna o procedimento ainda mais simples. Esta técnica não se tornou muito popular em nosso país devido ao alto custo do transdutor que só pode ser reesterelizado 4 vezes.
O ecocardiograma de estresse é um exame que tem como objetivo avaliar a função do coração em situações de esforço, para ver como o coração se comporta quando ele precisa trabalhar mais. Normalmente é utilizado para avaliar alterações nas artérias coronárias. Em crianças, este exame está indicado em pacientes que têm a doença de Kawasaki, em pacientes que sofreram transplante cardíaco e na evolução tardia após a cirurgia de Jatene. Neste exame o paciente recebe um medicação infundida pela veia chamada dobutamina. Esta medicação faz o coração bater mais rápido e mais forte, aumentando o consumo de oxigênio. Caso haja alguma anormalidade na contração do coração durante o estudo, levanta-se a suspeita de que existe algum estreitamento de artérias coronárias que deve ser confirmado pelo cateterismo cardíaco.